28 maio 2007

O voto é secreto na Madeira?

Notícia do Público de 21.05.2007

«O PS denuncia o facto de presidentes de junta terem obrigado membros das mesas a deslocarem-se fora das assembleias para recolherem votos e de mesas que deixaram votar cidadãos não munidos de identificação. Nuno Godinho de Matos, porta-voz da CNE, considerou "escandaloso um dos casos reportados, o de uma mesa de voto que aceitava pessoas votarem acompanhadas com a desculpa de que estavam psicologicamente incapazes". Os socialistas protestaram também pela presença de presidentes de junta, 47 dos quais candidatos suplentes do PSD, junto das assembleias de voto, recebendo e conduzindo os eleitores. Contestaram ainda a utilização de viaturas do Governo para transportar eleitores às mesas de voto, transporte este "não publicitado" e de que apenas "beneficiaram determinados eleitores".»

A fonte das notícias (o PS-Madeira) não será a mais imparcial, mas será que alguém duvida que isto aconteça?

07 maio 2007

Nós e Eles

Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um chefe de governo usar os meios públicos para fazer campanha política.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um chefe de governo usar a pior linguagem que o português oferece para se referir aos jornalistas e seus opositores políticos.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um governo pagar directamente a jornalistas que apoiam o governo ao mesmo tempo que ameaça os que o criticam.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um governo dê 78 milhões a clubes de futebol a fundo perdido.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal o número 2 do governo e do partido no poder ser o presidente das entidades patronais.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal deputados e ministros do partido no poder terem negócios directos com o governo decididos pelo próprio governo.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal haver um clima de terror sobre aqueles que não apoiam o governo.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal o governo controlar directamente e indirectamente grande parte da economia e os empregos.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal haver pessoas que têm medo em participar em sondagens, especialmente em zonas onde o apoio ao governo é menor.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal o mesmo partido político ganhar todas as eleições durante mais de 30 anos consecutivos.
Em Portugal não há 64% de pessoas que são contra o princípio de o Estado dar mais dinheiro às regiões mais pobres.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal ser feita pressão com ameaças sobre os cidadãos para irem aos comícios do partido do governo.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal haver uma zona franca onde as empresas não pagam impostos.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um governo de gestão tomar decisões que envolvem milhões dos dinheiros públicos com as eleições à vista.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal haver responsáveis políticos a defenderem que as leis nacionais não devem ser respeitadas na sua região.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um chefe de governo achar que as leis existem para serem contornadas.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um chefe de governo ameaçar juízes cujas decisões não lhe são favoráveis.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal procuradores do Ministério Público serem encontrados na casa dos indivíduos que eles deveriam estar a investigar.
Em Portugal não há 64% de pessoas que achem normal um governo dizer quais são os jornais que entidades públicas devem e não devem comprar.

Por tudo isto e muito mais, nós - os Portugueses - somos cultural e socialmente diferente deles - os Madeirenses. Não temos a mesma visão sobre as leis, o Estado, a democracia, o desenvolvimento, a vida em sociedade, etc...
Nestes casos só há uma solução:
INDEPENDÊNCIA PARA A MADEIRA JÁ

04 maio 2007

Democracia à madeirense

Já estive decidida a abandonar este blog.
O que aconteceu nas últimas semanas foi de tal forma execrável (veja-se a acta da última reunião do governo regional, que se mantém/manteve aberta semanas e semanas para que o governo demissionário possa continuar a mexer no dinheiro) que achei que os dirigentes madeirenses (e não falo só em AJJ) não mereciam a minha energia.
Abro aqui uma excepção para compartilhar um excerto do blogue Margens de Erro sobre a realização de sondagens na Madeira. O que é relatado mostra todo o podre da democracia e da política madeirense.

Nunca tivemos, na Católica, tantas recusas para responder a uma simples simulação de voto em urna como aqui na Madeira: 1/3 de todos os contactados. E há quem pergunte - garanto-vos - se depois de responderem à sondagem têm de ir votar na mesma no dia 6 ou se "já está", ou mesmo "o que é isso de uma sondagem?". Realmente, o hábito de responder a sondagens não existe, e há, por outro lado, uma opção política que é de tal forma dominante que quem a não partilha parece hesitar em declará-lo. Digo eu, porque uma recusa é uma recusa é uma recusa, sabe-se lá o que quer dizer. Mas não deve ser por acaso que a percentagem de recusas seja maior quanto menos "laranja" é a freguesia...